ANDRELINO FILHO
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
QUANTIFICAÇÃO
Com quantos rios se faz um canoeiro?
Com quantas mensagens um mensageiro?
Com quantas canções um cancioneiro?
Com quantos versos poetizarei?
Com quantas perguntas filosofarei?
Com quantos argumentos demonstrarei?
Com quantas palavras significarei?
Com quantas verdades posso mentir?
Com quanta comida saciarei?
Com quantas mordidas devorarei?
Com quantos sabores degustarei?
Com quantas taças perderei a sobriedade?
Com quanto cansaço fatigarei?
Quanto da vida ainda negarei?
Com quanta procura desistirei?
Com quantos risos aprenderei sorrir?
Com quantos grãos se faz um pão?
Com quantos pedidos terei sua atenção?
Com quantos gestos se faz uma cena?
Com quantos motivos vale a pena?
Nada mais afirmarei.
Nem mais um traço desenharei.
Nem mais um gemido balbuciarei.
Silenciarei.
Ferreira Filho
ALQUIMIA
(Ferreira
Filho)
Poeta é alquimista.
É aquele que transforma a matéria
noutra matéria.
Matéria esculpida nas sensações,
Transformada em signos.
Poema é escultura de signos
esculpidos sensualmente.
Poesia é coisa,
Mas uma coisa não como as outras
coisas,
Embora as outras coisas sejam sua
coisidade.
Poesia é feita de coisas que não
conseguimos dizer
Porque o dizer é a morte da coisa.
Poesia é dia na noite.
Mas o dia tem muitos dias – como
Gullar ensinou.
A noite tem muitas noites e à noite
uma vida cheia de dias para rememorar.
Na pequena partícula do tempo o meu
corpo feito poesia se desdobra na irrepetibilidade do instante.
A sobra, a dobra, a penumbra, a
incompreensão de mim mesmo numa espécie de amostra.
O original? Que original?
Que origem?
Origem?
Quê?
Só resta resto e nisto ainda tudo!
Tudo o que me resta é meu corpo
preso nessa braguilha entreaberta esperando a multiplicação.
Perdido meu futuro se desfaz na
precoce ejaculação de palavras que se contradizem.
Corpo de palavras que querem fecundar
quase a força (por isso se estuda retórica); inutilidade, precariedade de uma
ponte que liga os humanos.
Ainda assim digo.
Digo e existo ou me condeno ao
silêncio, à estupidez, à morte.
Seria melhor se pudesse cantar ou
dançar o que tento dizer.
sábado, 25 de outubro de 2014
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
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